Com o tempo, conhecendo amigos no fórum que eu participava na época, agora em grupo no Telegram, fui recebendo informações que deram um upgrade ao equipamento. O tubo do focalizador recebeu um flocking para evitar reflexos e no mesmo foi removido os dois bafles, passando de um cone de luz de 17mm (barril 0,965") para 27mm (barril 1,25"). Com essa modificação a entrada de luz no focalizador ganhou um diâmetro maior, as oculares atuais podem ser utilizadas e com isso, o potencial desse telescópio podendo ser explorado ao seu máximo.
Mas e os planetas?
As observações planetárias eram sempre frustrantes independente do seeing, com aberração cromática, um contraste exagerado, um disco planetário fora da curva de uma imagem decente, pouco detalhada e muito mal definida. A mágica ocorreu quando comentei que iria remover a célula do dubleto para fazer uma limpeza nas lentes e por fim, acabei desmontando tudo, deu-se início aos testes. Algo estava muito errado ali, conforme a configuração do dubleto na célula que vemos nos gabaritos desse telescópio.
Primeiramente vamos definir nas ilustrações o sentido da entrada de luz (incoming light) à direita e na esquerda o focalizador. Com isso definido e ao remover o dubleto e os anéis da célula, exibia esta primeira configuração:
- Flint, com sua convexidade para fora, coligindo a luz, em seguida o crown biconvexo, que por ser a primeira vez que abri a célula, não aferi se ele tinha os dois lados com a mesma convexidade. atrás do crown o anel espaçador e por fim o anel de rosca de pressão.

Em seguida, temos a configuração do dubleto na forma padrão, apesar de não existir apenas uma, sendo esta, a mais comum:
Primeiro teste.
Simplesmente após remover o dubleto e recolocá-na célula, por mais de nove vezes e com um péssimo resultado observando Marte, resolvi, antes do planeta sair do meu campo visual, colocar o anel espaçador entre as duas lentes. Ocorreu que, a aberração cromática ficou quase imperceptível, o foco fora resolvido e o Deus da Guerra foi observado como nunca havia conseguido antes neste refrator.

Após orientações do meu amigo Andrés Esteban de la Plaza, do grupo que participo e que também tem vintage e de mesmas especificações e trocando estas ideias também com outro amigo, André Gerolamo, os testes seguiram semana adentro. Remove dubleto, recoloca dubleto, a configuração voltou ao formal Fraunhofer, o que fez com que os inerentes problemas mencionados voltassem além da falta de foco. Eu tinha que testar novamente para aferir configuração padrão, sendo que cada lente foi testada da ambos os lados com todas as possibilidades, por fim, o resultado foi frustrante.
Eis a configuração final e que está definida:
- Flint, com sua convexidade para fora, incoming light, em seguida o anel espaçador, depois o crown com a convexidade mais saliente, destacada em vermelho para o focalizador e por sua vez, o anel de rosca de pressão.

Sim, uma configuração incomum para um dubleto Franhoufer! A primeira vez que coloquei o anel espaçador entre o dubleto foi pelo simples raciocínio, de que um espaçador serve para espaçar um objeto de outro, mesmo que não fosse esse o seu papel dentro da célula. Este anel espaçador ficava posicionado após o anel de rosca de pressão, para que este não fosse pressionado diretamente no dubleto e também não ser necessário dar o triplo de voltas até pressionar as lentes.
Todos os testes foram feitos debaixo de uma mal seeing, vide aplicativo, Astro Panel. Neste, a qualidade do seeing é especificada de 1 a 8 e nas noites de teste estava em 5. A umidade entre os 85% a 95%, comum aqui no meu sítio astronômico. A transparência do céu muito boa porém, os ventos a grandes altitudes e a umidade removeram as máscaras e fizeram aglomeração, sem o risco de qualquer fiscalização poder bater em sua porta.
As ampliações utilizadas foram 50x com uma Starguider de 25mm, 156x com uma Celestron Ultima Duo de 8mm e 178x com uma TMB de 7mm, sendo esta, mesmo com maior ampliação nas condições atmosféricas descritas, obteve a melhor imagem.
Agora com esse clássico nipônico, aguardo por uma noite com um seeing mais do que razoável para extrair o potencial desse refrator e poder observar uma imagem planetária digna de um vintage.

Fico feliz por ter podido ajudar foi meu caro Adriano!!!!
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